segunda-feira, novembro 27, 2006
Estatuto da Carreira Contente
quarta-feira, novembro 22, 2006
Escola a tempo inteiro, família a meio tempo

Os tempos mudam, as sociedades evoluem e os pais e mães dos alunos trabalham de manhã à noite para ganharem ordenados de miséria e contribuir para o enriquecimento de meia dúzia de patrões (empresários, desculpem).
A escola é agora chamada a responder a questões que lhe são alheias e que a sociedade criou e não resolve. Primeiro ouvem-se empresários a clamar que a escola não está a formar mão-de-obra qualificada. Convinha lembrar os senhores, que a era da revolução industrial acabou e que a escola passou a ser um espaço de aprendizagem para a vida e para a formação do ser humano pensante, crítico e culto e não para criar mão-de-obra barata. Se precisam de operários qualificados façam cursos de formação e paguem-nos. Não o façam à custa dos meus impostos, nem da educação dos meus filhos.
Depois vem a teoria da escola a tempo inteiro, para os pais poderem trabalhar. Ou seja, outra via para permitir o funcionamento do mercado de trabalho, mas que não compete à escola fazê-lo. Concordo com o princípio que a escola pode promover repostas extra-curriculares onde as famílias não necessitem de pagar para os filhos terem acesso a experiências, que de outra forma nunca teriam. Mas para isso é necessário salvaguardar o fundamento da escola e não o fazer à custa daquilo que a escola tem que realizar.
Embuido de um espírito neo-liberal grotesco, o nosso Ministério da Educação apresenta como a sua grande reforma o prolongamento do horário escolar. E aqui, mais uma vez, quando os princípios são baixinhos, o resultado é mau.
1- Estão neste momento a gastar-se centenas de milhares de euros em todo o país para pôr de pé um sistema de escola a tempo inteiro, envolvendo profissionais desqualificados, instalações improvisadas e autarcas que nunca cumpriram as suas obrigações de zelar pela escola do 1º Ciclo e que agora parece já terem rios de dinheiro para esta palhaçada. Mas para o essencial nunca há dinheiro.
2- Através de uma engenharia linguística conseguiu-se que os docentes do 1º Ciclo ficassem com a sua turma mais duas horas por semana, para além das 25, numa actividade chamada “Apoio ao Estudo” que, não sendo considerada tempo lectivo, obriga os sacrificados professores a prolongarem o seu dia de trabalho e, muitas vezes cortarem os dias a meio indo duas vezes à escola, com resultados medíocres e que só promovem o cansaço e a desautorização dos docentes.
3- Fazem-se horários lectivos cortados a meio onde os alunos vão para as actividades extra a meio do dia e depois voltam cansados e agitados, tendo o docente ficado à espera com o horário cortado e sem que lhe paguem essas horas. Isto tem enormes custos na actividade lectiva e na qualidade do ensino, mas parece que ninguém está interessado nisso. Muitas destas actividades são fora da escola em colectividades, envolvendo logísticas ridículas para o resultado final.
4- Muitos alunos ficam das 8h30 até às 17h30 na escola e, por vezes até mais, em caso dos horários duplos, revelando cansaço, desconcentração e menos valorização do essencial da escola a sério, querendo antes a escola a brincar que lhes é oferecida.
5- Os pais, que eventualmente querem ir buscar os filhos mais cedo, não podem, porque em muitos casos as horas lectivas terminam o dia e, portanto, o horário de permanência na escola passa a ser obrigatório sob pena de não terem todas as horas com o professor da turma.
6- Obrigam-se os agrupamentos a um esforço organizativo brutal, descentrando e desgastando a gestão e os docentes daquilo que realmente mereceria o seu empenho e trabalho.
Eu, que até sou pelo prolongamento de horários, nem quero acreditar que isso está neste momento a desgastar alunos, professores e verbas astronómicas, atolando as crianças de actividades a um ritmo alucinante e (pior) a ter consequências negativas na aprendizagem, na qualidade do ensino, na organização e método dos professores e na organização das famílias, que ainda poderiam ter os seus filhos consigo mais cedo.
É assim tão difícil a este ME fazer as coisas sem as estragar? Era assim tão difícil implementar as coisas com bom senso, com tempo, de acordo com as dinâmicas e necessidades de cada agrupamento de escolas? Seria assim tão difícil não comprometer os horários e as actividades lectivas? Seria tão difícil respeitar os docentes e os eu trabalho?
Não há ninguém que veja que estas palhaçadas não contribuem em nada para a qualidade do ensino nem para a melhoria da formação dos jovens?
Tudo tem um limite e esta coisa da escola a tempo inteiro vai ter custos que mais tarde virão a ser contabilizados e eu vou detestar ter que dizer outra vez...- Eu avisei.
terça-feira, novembro 21, 2006
Qualquer dia vamos a contas

E estaremos todos cá para ver, no dia em que houver uma avaliação trasnparente às medidas recentes deste ME, quanto afinal se gastou nesta paranóia quantitativa e que resultados se podem ver para a qualidade do ensino e para o sucesso dos alunos. Estaremos todos cá, menos o elenco ministerial, que não irá ser responsabilizado por isso, pois já terá ido embora. Ficamos nós, os professores, mas uma vez, a apanhar os cacos dos desmandos e da incompetência, a tentar fazer da escola uma coisa séria e não o pátio de recreio dos prepotentes e incompetentes da política.
A Mentira Conveniente

Já que o governo manipula tão habilmente a imprensa e a opinião pública, consulte-se o relatório da OCDE, Education at a Glance 2006, disponível aqui:
1. Na *página 32* verifica-se que, quanto a investimento na educação em relação ao PIB, estamos num modesto 19º lugar (em 31 países) e que estamos em 23º lugar (em 31 países) quanto ao investimento por aluno (p. 30) -ver gráfico1.
2. Na *página 56*, verifica-se que os professores portugueses estão em 21º lugar (em 31 países) quanto a salários - ver gráfico2.
3. Na *página 58*, é apresentado no estudo o tempo de permanência na escola, onde os professores portugueses estão em 14º lugar (em 28 países), com tempos de permanência superiores aos japoneses, húngaros, coreanos, espanhóis, gregos, italianos, finlandeses, austríacos, franceses, dinamarqueses, luxemburgueses, checos, islandeses e noruegueses - ver gráfico3.
Será assim tão difícil ir ler o relatório? Está em inglês, se calhar é por isso, os senhores jornalistas e comentadores ainda não são da geração cor-de-rosa, que teve inglês na primária...; com certeza não estão à espera que o ME faça uma nota de imprensa sobre isto não?
sexta-feira, novembro 17, 2006
Quietinhos e Caladinhos

Eu lembro-me dessa escola. Já lá andei. E parece que quem era Ministro nessa altura era um tal de Salazar.... aaaahh isso é que eram tempos.
quarta-feira, novembro 15, 2006
A Ameaça Nuclear da Pedreira do Norte

terça-feira, novembro 14, 2006
Melhor é impossível

Mas a questão é: será que os melhores querem estar ao lado dele sem que lhes pague para isso?
Porque em matéria de Educação se calhar Sócrates deveria estar ao lado dos melhores, mas começar primeiro cá dentro.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Cuidado com as pessoas de bem

Como se não bastasse aos professores terem de ser altamente penalizados por via de serem funcionários públicos, com todos os cortes por esse lado, têm agora de ser duplamente penalizados com a alteração do seu Estatuto. Esta dupla tributação vai colocar os docentes em Portugal ao nível da mendicidade.O Estado é uma pessoa de bem? Livra...
O Rogério Guimarães é que tem razão.
domingo, novembro 12, 2006
Os verdadeiros números da greve
sábado, novembro 11, 2006
Onde está o PS?

Hoje, numa altura em que o PS mostra a sua face de carneirismo partidário, interrogo-me:
Onde está o PS que promoveu a carreira dos professores (quem não se lembra dos educadores e professores do 1º CEB de segunda?) e de um discurso aglutinador e valorizante da profissão?
Quem não se lembra do crescimento espantoso da rede do pré-escolar em Portugal?
Quem não se lembra de uma política de inclusão escolar que desinstitucionalizou milhares de crianças e lançou as bases de uma escola para todos com um sistema de apoios educativos?
Quem não se lembra da reforma curricular e da reorganização da rede escolar, isso sim uma verdadeira reforma?
Quem não se lembra de uma “paixão” que se media nas intenções e nas dotações financeiras de reforço da educação, numa altura em que era impensável poderem existir cortes num sector prioritário?
Onde está esse PS que dantes conhecíamos?
Seria bom encontrarem-no neste Congresso, pois o país está a precisar dele.
sexta-feira, novembro 10, 2006
E dura... dura... dura...

1º- “continuar” Mas vai continuar? É que eu já mal tenho dinheiro para pagar as contas, as prestações e comer... se vai continuar a tirar-me dinheiro... não sei se aguento.
2º “coragem”- Coragem para tirar à classe média, cortar no orçamento da saúde na educação e na segurança social? A isso eu chamo outra coisa.
3º “medidas necessárias”. Mas quem é que iluminou este senhor de forma a ser ele apenas a ver quais são realmente as medidas que o país precisa? Ele já parou para pensar se são mesmo estas as medidas necessárias, ou podem ser outras? Mais um que tem a mania que sabe tudo sozinho. Normalmente essa mania acaba mal, mas em Portugal acaba na Presidência da República.
quinta-feira, novembro 09, 2006
Elefante em loja de cristais

quarta-feira, novembro 08, 2006
Um Cábula numa Escola Finlandesa

terça-feira, novembro 07, 2006
Como pode querer ensinar aquele que não aprende?
Continuam a chover medidas avulsas meramente de cosmética que este Governo teima em chamar “reformas”. E mais uma vez acertou ao lado de uma verdadeira reforma para a qualificação do ensino português. Desta vez trata-se de fazer exames aos professores no final dos seus cursos, bem como reduzir a formação dos educadores e professores do 1º ciclo para 3 anos mantendo os restantes em 5 anos. O que deveria ser feito era definir um conjunto de competências que os docentes deveriam ter no final da licenciatura. Competências essas que o Estado tem obrigação de definir, baseando-se num modelo educativo para o país. O que ensinar, como ensinar, que cidadãos queremos, que competências a desenvolver e como. Depois deixar a quem de direito formar e qualificar. Mas, em vez disso, prefere fazer um exame, resta saber para avaliar o quê? Quanto à redução dos cursos dos docentes nos primeiros graus de ensino, estamos perante mais uma prova da forma medieval como esta gente encara o ensino. Contrariamente às teorias do desenvolvimento humano, este Ministério acha que é preciso mais formação para trabalhar com alunos mais velhos. É a ultrapassada fórmula da importância da acumulação do saber, em detrimento de um ensino moderno baseado no desenvolvimento de competências, de espírito crítico, investigação, descoberta e valores, que são fundamentais nos mais novos. Mas para o Ministério o importante é saber muitas coisas. Pena que, ele próprio, saiba tão pouco.