segunda-feira, novembro 27, 2006
Estatuto da Carreira Contente
quarta-feira, novembro 22, 2006
Escola a tempo inteiro, família a meio tempo
Sou do tempo em que se acreditava que a escola servia para ensinar e para aprender. E se ainda hoje me perguntarem o que faz a escola, é isso que direi.
Os tempos mudam, as sociedades evoluem e os pais e mães dos alunos trabalham de manhã à noite para ganharem ordenados de miséria e contribuir para o enriquecimento de meia dúzia de patrões (empresários, desculpem).
A escola é agora chamada a responder a questões que lhe são alheias e que a sociedade criou e não resolve. Primeiro ouvem-se empresários a clamar que a escola não está a formar mão-de-obra qualificada. Convinha lembrar os senhores, que a era da revolução industrial acabou e que a escola passou a ser um espaço de aprendizagem para a vida e para a formação do ser humano pensante, crítico e culto e não para criar mão-de-obra barata. Se precisam de operários qualificados façam cursos de formação e paguem-nos. Não o façam à custa dos meus impostos, nem da educação dos meus filhos.
Depois vem a teoria da escola a tempo inteiro, para os pais poderem trabalhar. Ou seja, outra via para permitir o funcionamento do mercado de trabalho, mas que não compete à escola fazê-lo. Concordo com o princípio que a escola pode promover repostas extra-curriculares onde as famílias não necessitem de pagar para os filhos terem acesso a experiências, que de outra forma nunca teriam. Mas para isso é necessário salvaguardar o fundamento da escola e não o fazer à custa daquilo que a escola tem que realizar.
Embuido de um espírito neo-liberal grotesco, o nosso Ministério da Educação apresenta como a sua grande reforma o prolongamento do horário escolar. E aqui, mais uma vez, quando os princípios são baixinhos, o resultado é mau.
1- Estão neste momento a gastar-se centenas de milhares de euros em todo o país para pôr de pé um sistema de escola a tempo inteiro, envolvendo profissionais desqualificados, instalações improvisadas e autarcas que nunca cumpriram as suas obrigações de zelar pela escola do 1º Ciclo e que agora parece já terem rios de dinheiro para esta palhaçada. Mas para o essencial nunca há dinheiro.
2- Através de uma engenharia linguística conseguiu-se que os docentes do 1º Ciclo ficassem com a sua turma mais duas horas por semana, para além das 25, numa actividade chamada “Apoio ao Estudo” que, não sendo considerada tempo lectivo, obriga os sacrificados professores a prolongarem o seu dia de trabalho e, muitas vezes cortarem os dias a meio indo duas vezes à escola, com resultados medíocres e que só promovem o cansaço e a desautorização dos docentes.
3- Fazem-se horários lectivos cortados a meio onde os alunos vão para as actividades extra a meio do dia e depois voltam cansados e agitados, tendo o docente ficado à espera com o horário cortado e sem que lhe paguem essas horas. Isto tem enormes custos na actividade lectiva e na qualidade do ensino, mas parece que ninguém está interessado nisso. Muitas destas actividades são fora da escola em colectividades, envolvendo logísticas ridículas para o resultado final.
4- Muitos alunos ficam das 8h30 até às 17h30 na escola e, por vezes até mais, em caso dos horários duplos, revelando cansaço, desconcentração e menos valorização do essencial da escola a sério, querendo antes a escola a brincar que lhes é oferecida.
5- Os pais, que eventualmente querem ir buscar os filhos mais cedo, não podem, porque em muitos casos as horas lectivas terminam o dia e, portanto, o horário de permanência na escola passa a ser obrigatório sob pena de não terem todas as horas com o professor da turma.
6- Obrigam-se os agrupamentos a um esforço organizativo brutal, descentrando e desgastando a gestão e os docentes daquilo que realmente mereceria o seu empenho e trabalho.
Eu, que até sou pelo prolongamento de horários, nem quero acreditar que isso está neste momento a desgastar alunos, professores e verbas astronómicas, atolando as crianças de actividades a um ritmo alucinante e (pior) a ter consequências negativas na aprendizagem, na qualidade do ensino, na organização e método dos professores e na organização das famílias, que ainda poderiam ter os seus filhos consigo mais cedo.
É assim tão difícil a este ME fazer as coisas sem as estragar? Era assim tão difícil implementar as coisas com bom senso, com tempo, de acordo com as dinâmicas e necessidades de cada agrupamento de escolas? Seria assim tão difícil não comprometer os horários e as actividades lectivas? Seria tão difícil respeitar os docentes e os eu trabalho?
Não há ninguém que veja que estas palhaçadas não contribuem em nada para a qualidade do ensino nem para a melhoria da formação dos jovens?
Tudo tem um limite e esta coisa da escola a tempo inteiro vai ter custos que mais tarde virão a ser contabilizados e eu vou detestar ter que dizer outra vez...- Eu avisei.
Os tempos mudam, as sociedades evoluem e os pais e mães dos alunos trabalham de manhã à noite para ganharem ordenados de miséria e contribuir para o enriquecimento de meia dúzia de patrões (empresários, desculpem).
A escola é agora chamada a responder a questões que lhe são alheias e que a sociedade criou e não resolve. Primeiro ouvem-se empresários a clamar que a escola não está a formar mão-de-obra qualificada. Convinha lembrar os senhores, que a era da revolução industrial acabou e que a escola passou a ser um espaço de aprendizagem para a vida e para a formação do ser humano pensante, crítico e culto e não para criar mão-de-obra barata. Se precisam de operários qualificados façam cursos de formação e paguem-nos. Não o façam à custa dos meus impostos, nem da educação dos meus filhos.
Depois vem a teoria da escola a tempo inteiro, para os pais poderem trabalhar. Ou seja, outra via para permitir o funcionamento do mercado de trabalho, mas que não compete à escola fazê-lo. Concordo com o princípio que a escola pode promover repostas extra-curriculares onde as famílias não necessitem de pagar para os filhos terem acesso a experiências, que de outra forma nunca teriam. Mas para isso é necessário salvaguardar o fundamento da escola e não o fazer à custa daquilo que a escola tem que realizar.
Embuido de um espírito neo-liberal grotesco, o nosso Ministério da Educação apresenta como a sua grande reforma o prolongamento do horário escolar. E aqui, mais uma vez, quando os princípios são baixinhos, o resultado é mau.
1- Estão neste momento a gastar-se centenas de milhares de euros em todo o país para pôr de pé um sistema de escola a tempo inteiro, envolvendo profissionais desqualificados, instalações improvisadas e autarcas que nunca cumpriram as suas obrigações de zelar pela escola do 1º Ciclo e que agora parece já terem rios de dinheiro para esta palhaçada. Mas para o essencial nunca há dinheiro.
2- Através de uma engenharia linguística conseguiu-se que os docentes do 1º Ciclo ficassem com a sua turma mais duas horas por semana, para além das 25, numa actividade chamada “Apoio ao Estudo” que, não sendo considerada tempo lectivo, obriga os sacrificados professores a prolongarem o seu dia de trabalho e, muitas vezes cortarem os dias a meio indo duas vezes à escola, com resultados medíocres e que só promovem o cansaço e a desautorização dos docentes.
3- Fazem-se horários lectivos cortados a meio onde os alunos vão para as actividades extra a meio do dia e depois voltam cansados e agitados, tendo o docente ficado à espera com o horário cortado e sem que lhe paguem essas horas. Isto tem enormes custos na actividade lectiva e na qualidade do ensino, mas parece que ninguém está interessado nisso. Muitas destas actividades são fora da escola em colectividades, envolvendo logísticas ridículas para o resultado final.
4- Muitos alunos ficam das 8h30 até às 17h30 na escola e, por vezes até mais, em caso dos horários duplos, revelando cansaço, desconcentração e menos valorização do essencial da escola a sério, querendo antes a escola a brincar que lhes é oferecida.
5- Os pais, que eventualmente querem ir buscar os filhos mais cedo, não podem, porque em muitos casos as horas lectivas terminam o dia e, portanto, o horário de permanência na escola passa a ser obrigatório sob pena de não terem todas as horas com o professor da turma.
6- Obrigam-se os agrupamentos a um esforço organizativo brutal, descentrando e desgastando a gestão e os docentes daquilo que realmente mereceria o seu empenho e trabalho.
Eu, que até sou pelo prolongamento de horários, nem quero acreditar que isso está neste momento a desgastar alunos, professores e verbas astronómicas, atolando as crianças de actividades a um ritmo alucinante e (pior) a ter consequências negativas na aprendizagem, na qualidade do ensino, na organização e método dos professores e na organização das famílias, que ainda poderiam ter os seus filhos consigo mais cedo.
É assim tão difícil a este ME fazer as coisas sem as estragar? Era assim tão difícil implementar as coisas com bom senso, com tempo, de acordo com as dinâmicas e necessidades de cada agrupamento de escolas? Seria assim tão difícil não comprometer os horários e as actividades lectivas? Seria tão difícil respeitar os docentes e os eu trabalho?
Não há ninguém que veja que estas palhaçadas não contribuem em nada para a qualidade do ensino nem para a melhoria da formação dos jovens?
Tudo tem um limite e esta coisa da escola a tempo inteiro vai ter custos que mais tarde virão a ser contabilizados e eu vou detestar ter que dizer outra vez...- Eu avisei.
terça-feira, novembro 21, 2006
Qualquer dia vamos a contas
"Segundo a Eurostat o abandono escolar precoce passou dos 38,6 por cento do ano passado para os 40 por cento deste ano em Portugal, enquanto diminuiu por toda a Europa".
E estaremos todos cá para ver, no dia em que houver uma avaliação trasnparente às medidas recentes deste ME, quanto afinal se gastou nesta paranóia quantitativa e que resultados se podem ver para a qualidade do ensino e para o sucesso dos alunos. Estaremos todos cá, menos o elenco ministerial, que não irá ser responsabilizado por isso, pois já terá ido embora. Ficamos nós, os professores, mas uma vez, a apanhar os cacos dos desmandos e da incompetência, a tentar fazer da escola uma coisa séria e não o pátio de recreio dos prepotentes e incompetentes da política.
E estaremos todos cá para ver, no dia em que houver uma avaliação trasnparente às medidas recentes deste ME, quanto afinal se gastou nesta paranóia quantitativa e que resultados se podem ver para a qualidade do ensino e para o sucesso dos alunos. Estaremos todos cá, menos o elenco ministerial, que não irá ser responsabilizado por isso, pois já terá ido embora. Ficamos nós, os professores, mas uma vez, a apanhar os cacos dos desmandos e da incompetência, a tentar fazer da escola uma coisa séria e não o pátio de recreio dos prepotentes e incompetentes da política.
A Mentira Conveniente
Que imprensa amordaçada temos que permite que a ministra e a sua teia mintam descaradamente sobre factos, intoxicando a opinião pública com as ideias de que (1) Portugal investe mais do que outros países da UE na educação, (2) os professores portugueses são dos mais bem pagos do mundo e (3) os professores portugueses passam menos tempo na escola do que os outros?!
Já que o governo manipula tão habilmente a imprensa e a opinião pública, consulte-se o relatório da OCDE, Education at a Glance 2006, disponível aqui:
1. Na *página 32* verifica-se que, quanto a investimento na educação em relação ao PIB, estamos num modesto 19º lugar (em 31 países) e que estamos em 23º lugar (em 31 países) quanto ao investimento por aluno (p. 30) -ver gráfico1.
2. Na *página 56*, verifica-se que os professores portugueses estão em 21º lugar (em 31 países) quanto a salários - ver gráfico2.
3. Na *página 58*, é apresentado no estudo o tempo de permanência na escola, onde os professores portugueses estão em 14º lugar (em 28 países), com tempos de permanência superiores aos japoneses, húngaros, coreanos, espanhóis, gregos, italianos, finlandeses, austríacos, franceses, dinamarqueses, luxemburgueses, checos, islandeses e noruegueses - ver gráfico3.
Já que o governo manipula tão habilmente a imprensa e a opinião pública, consulte-se o relatório da OCDE, Education at a Glance 2006, disponível aqui:
1. Na *página 32* verifica-se que, quanto a investimento na educação em relação ao PIB, estamos num modesto 19º lugar (em 31 países) e que estamos em 23º lugar (em 31 países) quanto ao investimento por aluno (p. 30) -ver gráfico1.
2. Na *página 56*, verifica-se que os professores portugueses estão em 21º lugar (em 31 países) quanto a salários - ver gráfico2.
3. Na *página 58*, é apresentado no estudo o tempo de permanência na escola, onde os professores portugueses estão em 14º lugar (em 28 países), com tempos de permanência superiores aos japoneses, húngaros, coreanos, espanhóis, gregos, italianos, finlandeses, austríacos, franceses, dinamarqueses, luxemburgueses, checos, islandeses e noruegueses - ver gráfico3.
Será assim tão difícil ir ler o relatório? Está em inglês, se calhar é por isso, os senhores jornalistas e comentadores ainda não são da geração cor-de-rosa, que teve inglês na primária...; com certeza não estão à espera que o ME faça uma nota de imprensa sobre isto não?
sexta-feira, novembro 17, 2006
Quietinhos e Caladinhos
Os professores fazem greve.. lá estão os comunistas a manipular e a agitar. Se fazem uma manifestação são logo ameaçados. Os alunos manifestam-se e logo há acusação de um esquema de manipulação das criancinhas. Se fecham a escola com cadeado, logo se tiram nomes e moradas para queixa às autoridades. Portanto isto tudo não passa de uma malandragem que para aqui anda, uns agitadores. Solução: acabam-se os alunos críticos e os professores reivindicativos e temos uma escola de paraíso onde todos os docentes aplaudem cada vómito da Ministra e onde os alunos aceitam tudo caladinhos e dizem: sim senhora professora.
Eu lembro-me dessa escola. Já lá andei. E parece que quem era Ministro nessa altura era um tal de Salazar.... aaaahh isso é que eram tempos.
Eu lembro-me dessa escola. Já lá andei. E parece que quem era Ministro nessa altura era um tal de Salazar.... aaaahh isso é que eram tempos.
quarta-feira, novembro 15, 2006
A Ameaça Nuclear da Pedreira do Norte
«Se as organizações sindicais persistirem em manter um clima de conflitualidade e continuarem a programar acções de luta como as das últimas semanas, não haverá possibilidade de desenvolver esse trabalho», afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, em conferência de imprensa após a maior demonstração de protesto dos professores portugueses. Atingimos o pico da cultura democrática. O ME diz agora aos professores que só faz cedências se pararem os protestos. «Se os sindicatos mantiverem o clima de contestação e luta terão de responder perante os seus colegas por que é que não há extinção dos QZP ou por que é que o destino dos professores sem horário distribuído será o mesmo que o dos outros trabalhadores da Administração Pública», ameaçou o secretário de Estado. Depois do insulto e da prepotência durante dois anos, eis que agora se passa à ameça. Se o ME tivesse tido uma postura positiva e de diálogo desde o início, teria agora moral para falar, mas da maneira como tem agido contra os professores, este tipo de ameaça só pode ser considerado como anedota de mau gosto.Reparem bem ao que isto já chegou... não tarda nada começam a pedir nomes e moradas... Estamos já ao nível de estágio “pedagógico” na Coreia do Norte.
terça-feira, novembro 14, 2006
Melhor é impossível
Dizia o nosso Primeiro Ministro José Sócrates em relação ao acordo com o IMT: “Queremos estar ao lado dos melhores”.
Mas a questão é: será que os melhores querem estar ao lado dele sem que lhes pague para isso?
Porque em matéria de Educação se calhar Sócrates deveria estar ao lado dos melhores, mas começar primeiro cá dentro.
Mas a questão é: será que os melhores querem estar ao lado dele sem que lhes pague para isso?
Porque em matéria de Educação se calhar Sócrates deveria estar ao lado dos melhores, mas começar primeiro cá dentro.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Cuidado com as pessoas de bem
Lembram-se de ouvirmos dizer que o Estado era uma pessoa de bem? Eu lembro-me. E até me lembro de ouvir estas mesmas pessoas a dizer que a Educação é a grande prioridade de uma Nação. Pois quanto à prioridade parece que a própria escolha de uma Ministra completamente desqualificada na matéria, responde à questão. Quanto à tal pessoa de bem, bem?... o que dizer de um patrão que celebra um contrato contigo em que te reformarias aos 55 anos. Tu alistas-te, vinculas-te em exclusividade, apostas na tua formação, enfim... assinas tudo por baixo. Passados uns anos, estas pessoas mudam de ideias e dizem que afinal foi tudo um engano, não há nada de garantido e que agora vais trabalhar mais 10 anos até aos 65 anos. E o que dizer também quando tu te vinculas numa profissão com 10 escalões de progressão, onde tu fazes os teus planos e geres a tua vida pessoal em função de determinada expectativa e agora estas pessoas dizem que afinal era tudo um engano, que a tua carreira não é nada assim...nunca irás chegar ao topo da carreira e provavelmente ficarás para sempre num dos patamares intermédios. Isto significa que deixas de ter qualquer perspectiva de melhoria na tua vida. Com os aumentos anuais sempre abaixo da inflação, o despudorado aumento na ADSE, a baixa nas comparticipações... etc...etc... e mantendo sempre o salário que ganhas hoje, como estarás daqui a 10 anos?
Como se não bastasse aos professores terem de ser altamente penalizados por via de serem funcionários públicos, com todos os cortes por esse lado, têm agora de ser duplamente penalizados com a alteração do seu Estatuto. Esta dupla tributação vai colocar os docentes em Portugal ao nível da mendicidade.O Estado é uma pessoa de bem? Livra...
O Rogério Guimarães é que tem razão.
Como se não bastasse aos professores terem de ser altamente penalizados por via de serem funcionários públicos, com todos os cortes por esse lado, têm agora de ser duplamente penalizados com a alteração do seu Estatuto. Esta dupla tributação vai colocar os docentes em Portugal ao nível da mendicidade.O Estado é uma pessoa de bem? Livra...
O Rogério Guimarães é que tem razão.
domingo, novembro 12, 2006
Os verdadeiros números da greve
sábado, novembro 11, 2006
Onde está o PS?
Numa altura em que o PS reúne a sua máquina partidária em congresso para aclamar o engenheiro civil José Sócrates como líder, em torno de uma suposta discussão em relação ao que deverá ser uma política de esquerda, ou de direita... Recordo tempos idos na minha carreira docente onde se vivia em paz, quando os professores eram ouvidos e respeitados e era promovida a reflexão nacional no âmbito de uma ampla reforma educativa. Lembro-me dessa altura e recordo os discursos dos responsáveis do ME, com os quais muitos professores se identificavam, pois falavam a sua língua. Dizia-se então que a Educação era uma prioridade e um desígnio nacional. Os responsáveis do ME muniam-se de ideias e valores para as quais era fácil os docentes se mobilizarem, pois continham muitas das nossa ideias para uma escola de qualidade, mesmo aqueles que, como eu, nunca votaram PS.
Hoje, numa altura em que o PS mostra a sua face de carneirismo partidário, interrogo-me:
Onde está o PS que promoveu a carreira dos professores (quem não se lembra dos educadores e professores do 1º CEB de segunda?) e de um discurso aglutinador e valorizante da profissão?
Quem não se lembra do crescimento espantoso da rede do pré-escolar em Portugal?
Quem não se lembra de uma política de inclusão escolar que desinstitucionalizou milhares de crianças e lançou as bases de uma escola para todos com um sistema de apoios educativos?
Quem não se lembra da reforma curricular e da reorganização da rede escolar, isso sim uma verdadeira reforma?
Quem não se lembra de uma “paixão” que se media nas intenções e nas dotações financeiras de reforço da educação, numa altura em que era impensável poderem existir cortes num sector prioritário?
Onde está esse PS que dantes conhecíamos?
Seria bom encontrarem-no neste Congresso, pois o país está a precisar dele.
Hoje, numa altura em que o PS mostra a sua face de carneirismo partidário, interrogo-me:
Onde está o PS que promoveu a carreira dos professores (quem não se lembra dos educadores e professores do 1º CEB de segunda?) e de um discurso aglutinador e valorizante da profissão?
Quem não se lembra do crescimento espantoso da rede do pré-escolar em Portugal?
Quem não se lembra de uma política de inclusão escolar que desinstitucionalizou milhares de crianças e lançou as bases de uma escola para todos com um sistema de apoios educativos?
Quem não se lembra da reforma curricular e da reorganização da rede escolar, isso sim uma verdadeira reforma?
Quem não se lembra de uma “paixão” que se media nas intenções e nas dotações financeiras de reforço da educação, numa altura em que era impensável poderem existir cortes num sector prioritário?
Onde está esse PS que dantes conhecíamos?
Seria bom encontrarem-no neste Congresso, pois o país está a precisar dele.
sexta-feira, novembro 10, 2006
E dura... dura... dura...
Confrontado com os protestos de professores e funcionários em geral, José Sócrates mantém a velha máxima de que: - “É necessário ter coragem para continuar as medidas que o país necessita”.Uma frase simples, mas que merece três comentários:
1º- “continuar” Mas vai continuar? É que eu já mal tenho dinheiro para pagar as contas, as prestações e comer... se vai continuar a tirar-me dinheiro... não sei se aguento.
2º “coragem”- Coragem para tirar à classe média, cortar no orçamento da saúde na educação e na segurança social? A isso eu chamo outra coisa.
3º “medidas necessárias”. Mas quem é que iluminou este senhor de forma a ser ele apenas a ver quais são realmente as medidas que o país precisa? Ele já parou para pensar se são mesmo estas as medidas necessárias, ou podem ser outras? Mais um que tem a mania que sabe tudo sozinho. Normalmente essa mania acaba mal, mas em Portugal acaba na Presidência da República.
1º- “continuar” Mas vai continuar? É que eu já mal tenho dinheiro para pagar as contas, as prestações e comer... se vai continuar a tirar-me dinheiro... não sei se aguento.
2º “coragem”- Coragem para tirar à classe média, cortar no orçamento da saúde na educação e na segurança social? A isso eu chamo outra coisa.
3º “medidas necessárias”. Mas quem é que iluminou este senhor de forma a ser ele apenas a ver quais são realmente as medidas que o país precisa? Ele já parou para pensar se são mesmo estas as medidas necessárias, ou podem ser outras? Mais um que tem a mania que sabe tudo sozinho. Normalmente essa mania acaba mal, mas em Portugal acaba na Presidência da República.
quinta-feira, novembro 09, 2006
Elefante em loja de cristais
À noite vemos em video os alunos insultar os professores e de manhã ouve-se a Ministra dizer que, para além de demasiadamente bem pagos, faltosos, amigos do compadrio e incompetentes, os professores são a causa do mau estado da Educação em Portugal. É, sem dúvida, um discurso digno de um Ministro da Educação, nem um feirante diria melhor. É mesmo o discurso ideal para valorizar a escola e os professores... não é nada promotor de desrespeito e violência... nada! Podemos até extrapolar e dizer que a culpa dos incêndios é dos bombeiros, ou até que a culpa do crime e dos polícias. Há coisas que eu não sabia serem possíveis ser ditas por um Ministro. Não há dúvida que o Ministério da Educação é muito expedito no diagnóstico. Mas o que eu ainda não ouvi daquelas doutas bocas, são as medidas concretas para qualificar o ensino, a formação dos professores e as escolas. A única coisa que se ouve são os exames aos professores, as notas aos professores, as horas dos professores, as faltas dos professores, a avaliação dos professores... tudo pura e mera propaganda, demagogia e desonestidade intelectual, pois o que apenas se pretende é poupar à custa dos professores. A receita é simples: primeiro denigre-se toda uma classe profissional e depois aplicam-se medidas draconianas que cortam direitos e violentam o estatuto profissional. Tudo única e exclusivamente com a finalidade de poupar dinheiro ao Estado, nada mais. Como a opinião pública está já contra os professores, porque são uns malandros e os pais estão muito contentes porque prevêem que os filhos só vão a casa dormir e podem depois avaliar os professores; todo o impacto negativo que as medidas irão ter na Educação passa despercebido. Só pessoas completamente desprovidas de senso acreditam que este Ministério está a tornar o ensino em Portugal melhor. Aliás, bastaria apenas o facto desta avaliação dos pais “à actividade lectiva” dos professores, para perceber a ideia de professor e de escola que esta gente tem, bem como o respeito por matérias científicas sensíveis como a avaliação. Mas se calhar, um país de ignorantes deve ter um Governo de incompetentes e uma Escola de pastoreio.Isto para não falar dos interesses privados que nesta matéria andam muito calados... porque será? Esfregam as mãos de contentes, porque quem tem dinheiro vai colocar os filhos onde?: numa escola pública feita aos cacos (que é como vai ficar após a intervenção dos actuais dirigentes); ou numa escola privada? Eu sabia que estávamos perante um Governo de neo-liberalismo barato e de marketing, onde populam os “dandi” de gravatinha, que analisam um povo à luz de uma folha de balancete, o que eu nunca pensei que fosse possível num país minimamente desenvolvido, era que esses princípios pudessem ser adaptados à Educação. E enquanto tudo corre sobre rodas a este Ministério completamente a Leste do que é a Educação num país civilizado, os seus responsáveis continuam a agir como se a qualificação do ensino em Portugal se fizesse sem os professores, ou pior, degradando a profissão de tal maneira, que qualquer dia só dá aulas quem não consegue mesmo fazer mais nada.
quarta-feira, novembro 08, 2006
Um Cábula numa Escola Finlandesa
José Sócrates ficou impressionado com a visita realizada a uma escola em Helsínquia, na Finlândia. Mas será que Sócrates aprendeu com esta visita? Tudo indica que não. Porque para além de ficar impressionado, Sócrates não faz a mínima ideia como a escola Finlandesa chegou àquele ponto.Mas o mais grave não é Sócrates não saber. Ainda mais grave é o facto dos responsáveis do nosso Ministério da Educação não fazerem a mínima ideia como se constrói uma escola assim. E não estou a falar do investimento financeiro.Vejamos um pormenor do que viu Sócrates: o estabelecimento em causa tem 400 alunos e 37 professores, o que dá aproximadamente um professor por cada dez alunos. Mas não fazem substituições, fazem ensino em parceria dentro da turma. Mas cá, dizem que há professores a mais e colocam-nos a executar tarefas muito longe das que visariam qualificar o ensino-aprendizagem. O primeiro-ministro quis ainda saber se os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem são ajudados com aulas extra, mas os responsáveis da escola explicaram-lhe que esse tempo lectivo suplementar era considerado desnecessário. "Numa sala de aula, há sempre mais do que um professor. Logo que um aluno revela uma dificuldade, um dos professores da sala assiste-o", explicou uma das directoras da escola. E o que faz a nossa Ministra? Mantém o ensino igual dentro das turmas e depois tira os meninos que não aprendem para aulas extra e apoios individualizados. Para "rentabilizar" os professores, usa-os para aulas de substituição e prolongamento de horários, bibliotecas etc... em vez de flexibilizar o currículo, promover uma pedagogia diferenciada na turma para todos os alunos e usar os pares pedagógicos de professores como nos países desenvolvidos. É a escola que muda, não são os alunos que se mudam. As mais recentes medidas que o nosso Ministério tem tomada comprovam, sem margem para dúvida os piores receios. Não só ninguém aprendeu nada com países como a Finlândia, como no Ministério da Educação ninguém faz a mínima ideia de como se constrói uma escola de qualidade e, por este andar, vamos demorar muito a lá chegar. Para rematar Sócrates ficou ainda muito surpreso por saber que a maioria dos alunos queria vir a ser professor. Deve ter sido um choque para o senhor saber que há países onde ser professor é uma profissão valorizada.
terça-feira, novembro 07, 2006
Como pode querer ensinar aquele que não aprende?
Continuam a chover medidas avulsas meramente de cosmética que este Governo teima em chamar “reformas”. E mais uma vez acertou ao lado de uma verdadeira reforma para a qualificação do ensino português. Desta vez trata-se de fazer exames aos professores no final dos seus cursos, bem como reduzir a formação dos educadores e professores do 1º ciclo para 3 anos mantendo os restantes em 5 anos. O que deveria ser feito era definir um conjunto de competências que os docentes deveriam ter no final da licenciatura. Competências essas que o Estado tem obrigação de definir, baseando-se num modelo educativo para o país. O que ensinar, como ensinar, que cidadãos queremos, que competências a desenvolver e como. Depois deixar a quem de direito formar e qualificar. Mas, em vez disso, prefere fazer um exame, resta saber para avaliar o quê? Quanto à redução dos cursos dos docentes nos primeiros graus de ensino, estamos perante mais uma prova da forma medieval como esta gente encara o ensino. Contrariamente às teorias do desenvolvimento humano, este Ministério acha que é preciso mais formação para trabalhar com alunos mais velhos. É a ultrapassada fórmula da importância da acumulação do saber, em detrimento de um ensino moderno baseado no desenvolvimento de competências, de espírito crítico, investigação, descoberta e valores, que são fundamentais nos mais novos. Mas para o Ministério o importante é saber muitas coisas. Pena que, ele próprio, saiba tão pouco.