segunda-feira, dezembro 25, 2006

 

Obrigadinho ... escusavam de se incomodar...

Neste dia de Natal queria partilhar com a humanidade o estado de espírito do meu coração.
Toda a equipa do Governo Português, em especial a da colega Milú, têm sido tão generosos que o meu sapatinho está recheado de prendas.
Senão vejamos:
- Mais dez anos a trabalhar antes da reforma.
- Reforma mais pequena, ou então trabalho mais uns anos.
- Mais um ano de congelamento de escalões.
- Mais um aumento anual abaixo da inflação.
- Mais 0,5% de desconto para a ADSE.
- Assistência na saúde mais baixa e pior.
- Mais horas de permanência na escola sem tempo para preparar coisas importantes, ficando mais trabalho para casa.
- Permanência provavelmente ilimitada no actual escalão até ao dia em que morrer
- Instauração de uma gestão policial nas escolas a tomar conta de faltas, licenças, notas, prazos, substituições, etc.
- Insultos diários avulso na comunicação social por parte da entidade patronal.
- Desrespeito e enxovalhos de funcionários, pais, autarcas, membros de associações locais e todo um conjunto de entendidos, que encontram hoje terreno livre para deitar a profissão docente no poço mais fundo em que alguma vez se encontrou.

Obrigado do fundo do coração.
Não se deviam ter incomodado.

Os meus sinceros desejos são que toda a equipa governamental tenha um Natal, pelo menos, tão bom como o meu, onde em 20 anos de carreira docente pela primeira vez senti sérias dificuldades financeiras.

Um bem-haja a todos e Bom Natal.

sábado, dezembro 23, 2006

 

Apoio ao Estudo não é também trabalho extraordinário?

Começam a ser conhecidas decisões dos tribunais dando razão aos docentes que consideravam terem de receber horas extraordinárias pelas aulas de substituição dadas.
Parece-me óbvio que um docente, após cumprir o seu tempo lectivo estipulado com turma, não pode dar mais aulas a não ser em regime extraordinário.
A loucura das aulas de substituição passou a ter contornos de surrealismo e, portanto, dentro do autismo governamental e do seguidismo cego dos órgãos de gestão, cometem-se muitas arbitrariedades por esse país fora a coberto da paranóia tecnocrata aministrativo-quantitativa que invadiu o ensino em Portugal.
Outro exemplo é o chamado “Apoio ao Estudo”, uma artimanha ministerial para obrigar os professores do 1º ciclo a permanecer mais duas horas com a sua turma. Para além das 25 horas lectivas, os docentes ficam mais duas, sob a justificação que este trabalho de estudo acompanhado não é actividade curricular. Assim, os professores têm mais duas horas para preparar, para gerir pedagogicamente e para estarem com a sua turma, mas não as ganham. Esta medida tem por base uma ideia muito triste, especialmente quando vem da nossa tutela, e que é a de se pensar que os docentes do 1º ciclo andam muito folgados e que não interessa passarem mais duas horas a entreter a sua turma. Não se pensa nos custos que isso tem no desgaste brutal dos professores, nem no que isso representa para os alunos, que têm as horas para aprender a sério a as outras para estarem entretidos e desta vez é o seu professor que entra na dança. O estatuto e o respeito pelos professores sofre mais esta machadada, entre tantas que tem levado.
Este desrespeito não deveria se tolerado. O professor é o centro da actividade educativa. Deve merecer respeito, deve ser preservado, deve ter os meios para manter a disciplina, para que os seus alunos entendam quem ali está e o que isso significa. Da maneira como as coisas estão penso que é hora dos docentes do 1º Ciclo processarem o ME e exigirem o pagamento dessas duas horas como horas extraordinárias. Não tanto pelo dinheiro, mas acima de tudo, pela falta de respeito.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

 

É sempre bom saber que o nosso trabalho é reconhecido


terça-feira, dezembro 05, 2006

 

Os professores cumprem, mas...

Fazer aprovar um Estatuto de Carreira Docente impondo aos profissionais medidas e um estatuto contra todos eles, pode mudar algo de imediato, porque os professores cumprem o que lhes é ordenado, mas pensar que as coisas feitas desta forma podem mudar a educação portuguesa revela uma total ignorância. A Educação não se resume ao cumprimento de um conjunto de regras. A qualidade na Educação joga-se nas relações, na motivação, no estar atento às necessidades, no diálogo, na cooperação e na participação. Ao actuar completamente à revelia de toda uma classe, o actual ME consegue fazer exactamente o contrário daquilo que deve ser a Escola e a Educação em Portugal.
Os professores cumprem, mas não se mobilizam e isso será a diferença entre um conjunto de medidas com potencial e um desastre educativo que o futuro próximo irá provar.
Os professores cumprem, mas não acreditam. Não acreditam que as medidas promovam a melhoria na educação, pois sabem que se tratam apenas de medidas populistas que em nada interferem no essencial da Escola.
Os professores cumprem, mas não investem. Não investem porque ninguém investe neles. Não têm ninguém ao seu lado. Não há nada nem ninguém que os esteja a ajudar a levar a cabo a sua missão. Pelo contrário, todos carregam sobre ele mais trabalho, mais dificuldades, mais horas, mais insultos.. mais...
Os professores cumprem, mas estão fartos. Estão cansados, sentem-se enxovalhados, tratados como mera mão-de-obra barata, sem dignidade, sem reconhecimento. Apenas um corpo profissional que ganha demais para aquilo que faz. Os professores são agora os únicos que acreditam que a Educação é o maior investimento no futuro de um país. Podem cumprir o que lhes mandam, mas sabem que o clima ditatorial de controlo e arrogância em que vivem nas escolas, terá como inevitável desfecho o retrocesso da Educação em Portugal.

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