segunda-feira, fevereiro 26, 2007

 

Já podemos voltar a falar de Educação por favor?

Pronto. Já delapidaram o que conseguiram na carreira docente, já prolongaram os horários escolares, já encheram as escolas de papéis para preencher, tempos extra-lectivos e substituições, já ferraram nas faltas e nos escalões, já entreteram os meninos, já deitaram para o lixo a especificidade e qualquer tipo de reconhecimento pelo desgaste psicológico e pela profissão docente em geral...
Pronto. Agora que já fizeram tudo o que era possível fazer de acessório na Educação, pode ser que alguém comece finalmente a debruçar-se sobre o essencial. Será que agora vai alguém finalmente fazer uma reforma na Educação?
Penso que não devemos esperar para confirmar o que já se antevê: o insucesso não desce, nem a qualificação dos alunos sobe, nem a qualidade do ensino melhora... é óbvio que nada disso vai mudar.
Então era agora boa altura para pensar a sério no Ensino em Portugal. Poderíamos desde logo começar por fazer esta pergunta:
-Porque os alunos não aprendem?
Brevemente vamos confirmar que não é por estarem mais tempo na escola que os alunos aprendem melhor., Ou por terem Inglês, ou devido aos professores faltarem muito, ou porque os professores ganham muito, ou porque há substituições... Também não é por culpa dos professores. Penso que é chegada a hora de dizer aquilo que, se calhar, todos pensam mas ninguém tem coragem de dizer: - Os alunos não aprendem porque desde logo muitos não têm uma educação de base com valores de esforço, de valorização da cultura e educação, de leitura, de trabalho, de regras, de carinho e de tempo com a família. Ou seja, a cabeça não treina, o exemplo não é dado, os afectos estão no ATL.... depois o que a escola vai fazer? Vamos continuar a colocar a culpa nos professores?
Em segundo lugar temos a desadequação do currículo e das práticas. Grande fatia dos alunos não se interessam pela escola, não querem saber, não vêem qualquer utilidade na coisa e não aprendem mesmo... Vamos mandá-los embora?
É chegada altura de começar a pensar no Currículo (flexibilizar, valorizar outras aprendizagens, criar outros cursos, aumentar o ensino prático e experimental...), na Formação dos Professores (fomentar práticas activas de ensino, trabalho com grupos heterogéneos, reflexão e auto-avaliação...) e na Organização do Ensino (reduzir alunos por turma, criar parcerias, diminuir professores por turma,...) Só para dar meia dúzia de exemplos. Alguém então agora que se chegue à frente e que se mostre competente para tal, porque este ME já mostrou o que sabe fazer.
A escola é o reflexo da sociedade onde se insere, e a escola de hoje está a aumentar as desigualdades e a excluir os mais fracos. Temos a escola que merecemos, mas podemos fazer algo para quebrar este ciclo. Eu acredito que a escola pode fazê-lo... assim tenhamos pessoas à altura para tal. Temos de enfrentar as questões de frente de deixarmos as ideias neo-liberais fora da educação. Já cumpriram o seu papel de poupar num sector chave para o desenvolvimento da sociedade, agora era bom darem lugar a quem realmente percebe de Educação.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

 

Choque culinário

Com a devida vénia à revista "O Barrete"

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

 

A cosmética dos exames

Agora parece que acabam as provas globais num lado e começam as de aferição no outro. Ficam os exames no 9º ano a algumas, ... ou seja, continuamos no campo da cosmética.
Eu sou contra qualquer tipo de exames na escolaridade básica. Acho que não servem para nada e nem cumprem a sua função de permitir uma reflexão sobre o sistema, porque ninguém faz isso. Só se preocupam com as notas dos alunos e nunca pegam nos exames como forma de avaliar o currículo ou as práticas.
Ora se é para chumbar alunos não vale a pena porque os que chumbam, chumbam na mesma e os que passam só têm mais trabalho e ninguém aprende mais por causa disso. Os professores sabem bem o que cada aluno seu aprende. Para além do mais, estamos na escolaridade básica, onde o “cliente” é obrigado a estar, portanto não é ele que tem de mudar, ou de ser penalizado ou chumbado, mas sim a escola. É como obrigar uma pessoa a assistir a um filme que não quer ver e ainda ter de pagar o bilhete.
Mas alguns virão com o discurso da exigência. Exigência??? Meus caros isso é discurso populista. Porque a palavra exigência tem vários sentidos, dependendo do “artista” que a usa. “Exigência”, “Excelência” etc... são apenas esconderijos para incompetentes.
Provas de aferição, estou de acordo, mas para reflexão do sistema e não para catalogar meninos. Mas reflexão feita com nexo, com critérios, com competência... mas claro isso já é mais difícil. Alguém faz alguma ideia de como retirar elações de resultados nacionais de provas de aferição? Se alguém sabe, deve andar escondido, porque há décadas que há exames e provas e ainda não vi nada publicado com cabeça tronco e membros sobre o assunto.
No fundo, o essencial da nossa escolinha medieval mantém-se: são os currículos completamente obsoletos e paranóicos e é uma condução da profissão docente definitivamente no campo da administração burocrática, em vez de flexibilizar, dar autonomia e permitir espaço para reflectir e avaliar, com a finalidade de mudar as práticas... Mas o que estou eu para aqui a dizer..... Agora já ninguém se preocupa com isso... Aprovado o ECD a grande reforma educativa está cumprida. E eu só quero é saber como chego a titular e subo de escalão... o resto que se lixe.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

 

Meras Coincidências


Com a devida vénia à revista "O Barrete"

This page is powered by Blogger. Isn't yours?